ENTREVISTAS - PEDRO CAIXINHA (TREINADOR DO NACIONAL DA MADEIRA)


 Por Vitor Besugo
PEDRO CAIXINHA
"Factores como a amizade, lealdade e espírito de missão são condições imprescindíveis. Torna-se necessário abdicar de muitas coisas e andar com a mala às costas...muitos sacrifícios...para no final a recompensa ser uma volta, com palmas e flores..."


Pedro Miguel Faria Caixinha é natural de Beja, onde nasceu a 15 de Novembro de 1970 e fardou-se de forcado pela primeira vez na praça de toiros da sua terra a 12 de Maio de 1990. Distinguiu-se como forcado de caras onde brilhou nos anos 90 ao lado de forcados como Carlos Pegado, Pedro Sotero, João José Comenda, Rodrigo Correia de Sá, José Fernando Potier, Vasco Lobo, Pedro Queiroga, Manuel Francês, Paulo Pessoa de Carvalho, entre outros.
Pedro Caixinha é filho de outra glória da forcadagem, João Caixinha, também ele forcado de caras e teve passagem pelos grupos do Colégio de Tomar, Montemor e Beja do qual foi o seu cabo fundador.
No curriculum desportivo Pedro Caixinha  foi adjunto de José Peseiro na selecção da Arábia Saudita, Sporting, Panathinaikos (Grécia), Rapid Bucareste (Roménia) e no Al-Hilal (Arábia Saudita). Como técnico principal iniciou-se nos escalões de formação do Clube Desportivo de Beja, nos finais dos anos 90, na época 2010/11 estreou-se na primeira liga aos comandos da União de Leiria e já esta época trocou o Leira pelo Nacional da Madeira onde mostrou todo o seu potencial ao terminar a competição num honroso 7.º lugar.

PEDRO CAIXINHA A RECEBER UM TROFÉU EM MACAU
Vitor Besugo (VB) – Como nasceu o teu gosto pelos toiros e, como chegaste ao Grupo de Montemor?
Pedro Caixinha (PC) –  Naturalmente o meu gosto pelos toiros chegou através do meu Pai, pois desde muito cedo o acompanhei para corridas quando estava em Montemor e mais tarde em Beja. A chegada ao Grupo de Montemor já foi diferente...entre os 5 e os 8 anos peguei algumas vacas e um garraio, sempre com a ajuda do meu Pai e outros elementos do Grupo de Beja...por volta dos 17 anos, numa daquelas garraiadas das festas de Beringel, resolvi tentar a “sorte” sozinho...gostei muito. Muito pouco tempo depois disso, fui realizar um treino a Montemor, pela mão do Dr. Luís Nunes Ribeiro, que para alem de meu padrinho no grupo, aprendi a admirar e a respeitar, uma vez que para alem dos valores da amizade a sua generosidade e capacidade de superação eram tremendas.

VB - Com que idade e qual foi a tua primeira fardação (com que cabo)? Onde e quando pegaste o teu primeiro touro?
PC – Fardei-me pela primeira vez aos 18 anos em Beja, era cabo o Paulo Vacas de Carvalho (apenas peguei em Montemor pela sua liderança e da Rodrigo Corrêa de Sá). Durante toda a minha primeira época apenas ajudei entre as segundas e terceiras, e peguei o toiro para os curiosos que habitualmente saia na feira de Setembro em Montemor. O primeiro toiro “oficial” foi na segunda temporada em Santiago do Cacem na Santiagri...um Lampreia.

VB - Quais foram os forcados que mais te marcaram?
PC – Para dizer a verdade aquilo que mais me marcou e transporto para a minha diária, foram os valores e a exigência pela perfeição, não bastava pegar à primeira, era necessário corrigir todos os erros identificados!!! Mas sim, tive o privilégio de pegar com grandes forcados!!! Desde ao Luís Neto, António José Pina, Paulo Pessoa de Carvalho, Pedro Sotero, João Sousa...enfim...tantos e tantos.

VB - Quantas épocas no activo fizeste, e quantos toiros pegaste de caras?
PC – Estive no activo durante doze épocas e peguei aproximadamente 90 toiros.

VB – Das praças em que actuaste, quais as corridas que mais te marcaram?
PC – As antigas corridas da Rádio no Campo Pequeno...até à bandeira!!!

VB - Qual o momento, ou momentos, que melhores recordações te trazem do mundo dos toiros?
PC – Tudo aquilo que aprendi da partilha e vivência em grupo, de acreditarmos e darmos tudo uns pelos outros. A preparação exigente ao longo do ano e em particular antes das corridas. O trabalho físico, o treino de salão, a análise das pegas em vídeo...a procura de ser sempre melhor.

VB - E os piores momentos?
PC – Apenas as lesões graves que ocorreram. Felizmente não foram muitas, mas destaco a do Pegado em Beja.
  
VB – Como vês o actual momento da festa, em geral, e dos forcados em particular?
PC – Quando terminei ainda não existia a Associação, as bandarilhas eram à antiga, mas já existiam os lobbies anti-taurinos. No entanto, e sem querer faltar ao respeito a ninguém penso que existe demasiados grupos...por outro lado não posso formular uma opinião mais conhecedora, uma vez que tenho estado muito afastado.
 
O PAI E OS FILHOS DE PEDRO CAIXINHA
VB – Tu foste um grande forcado e és filho de outro grande forcado. Tinhas gosto e orgulho em um dia ver o teu filho Rodrigo a envergar a jaqueta de Montemor?
PC – Claro que sim!!!...mas o contexto de hoje é diferente, ele nunca me viu pegar, nem mesmo em vídeo...e quando os pais representa os modelos a seguir, no que se refere a uma possível influência sobre os filhos...os toiros não estão presentes...ou pelo menos com a frequência necessária.

VB – Certamente que viveste grandes aventuras com os teus companheiros de Montemor. Queres partilhar uma história engraçada vivida no seio do grupo?
PC – De facto foram várias, mas posso destacar uma na Figueira da Foz onde eu e o João Sousa no jantar fazíamos respectivamente de Maurício do Vale e de Francisco Morgado...ou outras tantas actuações a cantar o a,e,i,o,u da Ana Malhoa!!!

VB - Que mensagem deixas a quem quer ser forcado?
PC – Factores como a amizade, lealdade e espírito de missão são condições imprescindíveis. Torna-se necessário abdicar de muitas coisas e andar com a mala às costas...muitos sacrifícios...para no final a recompensa ser uma volta, com palmas e flores...mas o mais importante de conseguirmos descrever interiormente em muitos minutos e todo o detalhe..o que na realidade ocorre em poucos segundos.


Curtas:

- A tua melhor pega?
Talvez das últimas que fiz em Setúbal no ano da minha despedida.

- Ganadaria de eleição?
CAIXINHA CONTINUA A IR AO TOIROS
Grave

- Cavaleiro?
Pablo Hermozo de Mendonza

- Toureiro? 
José Maria Manzanares

- Passatempo favorito?
Natação, Corrida e bicicleta

- Clube?
Desde pequeno Sporting...agora Nacional!!!

- Prato?
Todo o tipo de risotto

- Destino de férias?
Algarve...mas qualquer praia paradisíaca também não fica mal




4 comments:

Carlos Guerreiro at: 16 de maio de 2012 às 17:14 disse...

Um grande abraço ao Pedro. Vi-o actuar muitas vezes e acompanho-o no meu hobbie/sua profissão futebol, sendo alguém de referência não só ao nível profissional mas sobretudo a nível pessoal, fruto, entre outras, das vivências dos toiros e dos bons valores que os acompanham. Muita sorte e se já vibrei contigo como 2º do nosso clube, espero ansiosamente pelo dia em que te veja naquele branco ao leme do barco! Abraço

Custódia Baião at: 16 de maio de 2012 às 20:40 disse...

Conheci o seu pai também ele com esse gosto pelos touros, pois fomos colegas no Nuno Álvares em Tomar,e por acaso era ele que me recebia as cartas do meu namorado. Outros tempos. Eu sou da Cabeça Gorda e da familia do Hortinha.Muitas felicidades para si e muita sorte em tudo.

Anónimo at: 8 de janeiro de 2013 às 17:12 disse...

joao teles era desse grupo eu sou filho

Paula Corte Real at: 23 de agosto de 2013 às 02:39 disse...

Conheci o seu pai quando ele era forcado e estudava no Colégio Nuno Álvares, se não estou em erro o cabo do grupo era um tal João Faia e eu vizinha dele. Ainda namoriscamos um pouco, eu dava pelo nome de Paula Corte Real e morava num ap junto à praça de touros de Tomar, talvez ele se lembre (anos 67/68) cheguei a ir a Vila Nova da Barquinha vê-lo actuar.Cumprimentos ao seu pai.


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