ENTREVISTAS - ANTÓNIO ALFACINHA, CABO DO GFA ÉVORA

"Temos de fazer ver aos intervenientes da festa que os forcados merecem mais respeito por todos, pois somos o maior suporte das corridas no nosso pais e somos amadores. Pegamos por gosto, amizade e entrega a uma jaqueta." António Alfacinha    
 
 
Em 11 de Agosto de 1963 e na Praça de Toiros do Redondo fez a sua estreia o Grupo de Forcados Amadores de Évora com toiros da ganadaria de Manuel Lampreia.
Três cabos sucederam o percursor João Patinhas, sendo João Pedro Oliveira (1989-2001), João Pedro Rosado (2001-2008), Bernardo Patinhas (2008-2011). Neste momento é António Alfacinha, conceituado forcado de caras que comanda os destinos do Grupo da "Cidade Museu".

 
Para assinalar os 50 anos de existência dos Amadores de Évora e na semana em que irão assumir dois importantes compromissos, nomeadamente no Campo Pequeno dia 16, e na "sua" Arena de Évora no próximo domingo, 19 de Maio, o FORCADO AMADOR numa parceria com o NATURALES entrevistou o actual cabo  - António Alfacinha, entrevista conduzida por Miguel Ortega Cláudio:


António, és de Évora, sempre tiveste inserido no meio dos toiros, na tua família sempre tiveste familiares forcados. Era quase impossível não seres forcado amador?

Sou nascido e criado em Évora, desde muito novo que sou fascinado pelo mundo dos touros. Tive tios, primos e familiares a pegar mas a minha maior ligação aos forcados vem da ligação da minha família à velhinha praça de Évora.

Em que ano entras para o grupo de Évora?
Entrei para o grupo de Évora no ano de 2002, sendo esta a minha 12ªépoca.

Como foi o teu percurso?
Comecei por me fardar em novilhadas no início de época tendo-me fardado a primeira vez pelos amadores em 24 Agosto em Figueira de Cavaleiros com touros de Passanha. Dia que nunca mais esqueci. No ano de 2004 estreio me em Évora no concurso de ganadarias. Depois dessa data começo a fardar me com alguma regularidade até aos dias de hoje. Um percurso em tudo normal como a maioria dos forcados.

O que significa para ti pertenceres ao grupo de Évora?
Sempre olhei e admirei muito os forcados em geral, mais ainda os grupos que pegavam em Évora durante a minha infância. Escolhi pegar no grupo da minha cidade pelas amizades que cá tinha e para defender o nome de Évora. Quando começo a perceber o que é o Grupo de Évora, vejo que é diferente e único. Uma escola de vida, onde apreendemos a respeitar tudo e todos e principalmente a dar valor à amizade.
Ser do grupo de Évora para mim significa tudo.

E seres cabo?

Quanto ao ser hoje cabo do grupo. Sinceramente nunca pensei em ser cabo, quando entrei para o grupo sempre sonhei em ser alguém como forcado e fui me pondo objectivos época a época. Mas ser cabo e líder de um grande grupo de homens e amigos enche-me de responsabilidade e orgulho em todos os que se vestem comigo.

Qual a praça em que mais gostas de pegar? Porquê?
Évora. Sem dúvida, desde pequeno que sonhava em um dia poder pisar aquela arena, Évora é diferente para todos os forcados, ainda para mais para nós, grupo de Évora.

Na tua vida de forcado qual foi o forcado que mais te marcou? Porquê?
Foram vários e de vários grupos. Manuel Murteira, Pedro Sotero, Miguel Sotero, Pedro Barradas, João Pedro Rosado. Todos eles grandes forcados de caras. Uns mais habilidosos a pegar outros muito valentes, mas todos eles uns senhores dentro de praça.



Como cabo e membro da ANGF como vês a polémica em que se envolveu recentemente a associação a que pertences e APET?
Como cabo de um grupo associado respeito a decisão da ANGF. Temos de fazer ver aos intervenientes da festa que os forcados merecem mais respeito por todos, pois somos o maior suporte das corridas no nosso pais e somos amadores. Pegamos por gosto, amizade e entrega a uma jaqueta.

A APET vetou os grupos da ANGF, achas que esse veto vai vingar?
Não me compete a mim dizer se vai ou não vingar, mas espero sinceramente que sirva de exemplo. Que como disse na questão anterior, os forcados merecem mais respeito e que não nos metam em guerras.

Se tal acontecer achas que o mesmo é viável?
Nós necessitamos de corridas para pegar touros, mas as empresas também precisam de forcados nas praças porque somos nós que levamos gente às praças.  Se é viável acho que não, mas também sou da opinião de não se voltar atrás com a decisão do veto da empresa em causa.

Já alguma vez foste abordado por algum empresário para venderes bilhetes, pedir patrocínios etc...

Nunca me aconteceu, mas já fui contratado para corridas e mais tarde saí do cartel para a entrada de outros grupos…

Como forcado que tipo de toiro te dá mais prazer em pegar?
No início qualquer touro me agradava, do mais fácil ao mais difícil era preciso é pegar. Hoje dá-me prazer um touro que se deixe mandar de praça a praça.

Na tua vida de forcado qual foi o teu melhor momento, aquele do qual guardas melhores recordações?

Graças a Deus tenho muitos, mas aqueles que mais me marcaram foram em Évora. Desde a primeira vez que peguei em Évora, as pegas nos concursos de ganadarias de 2008 e 2010, frente a touros de Miura e Dolores Aguirre. Uma grande recordação foi também no dia em que assumi o comando do grupo, com o apoio de todo o grupo, família e público.  


E o pior?
Tal como as boas recordações foram em Évora a pior também foi, em 2008 com um touro de Ernesto de Castro o qual não consegui pegar, onde sai lesionado.

És eleito cabo num momento conturbado queres falar desse momento delicado?

Infelizmente a sucessão do cabo do nosso grupo foi tornada pública. De muito se falou e se disse, muita coisa sem as pessoas saberem o que diziam. Certo foi que a saída do anterior cabo além de maioritária foi unanime. Quanto à minha entrada depois de ponderadas as hipóteses, concluímos que o meu nome seria a melhor solução.

Como se encontra o grupo que comandas neste momento?

Estamos num período de renovação. Felizmente temos muitos miúdos no grupo, desde os 16 anos até aos 35anos. No total somos cerca de 40 elementos. Mas é uma faze de aprendizagem dos mais novos onde tentam mais que tudo roubar o lugar dos mais experientes.
 
É importante a presença dos antigos Forcados no dia a dia dos grupos. Nos Amadores de Évora essa presença é uma realidade? Como analisas essa presença junto dos forcados actuais?
Considero muito importante a presença de antigos elementos junto dos actuais, mas mais ainda junto dos mais novos. Para lhe passarem os seus ensinamentos e experiencias. No nosso grupo em qualquer evento que aconteça há sempre a presença de antigos elementos.

Este ano o grupo comemora 50 anos de existência como vão ser as comemorações?

Vamos ter vários acontecimentos. Uma exposição no decorrer da feira de São João em Évora, onde vão ser expostos motivos etnográficos relacionados com o grupo. Dias de campo para juntar toda a família GFAÉ. Mas o ponto alto das comemorações será no dia da cidade, 29 Junho a corrida do São Pedro. Em que pegamos 6 touros em solitário onde deixo o convite a todos os antigos elementos a juntarem se a nós.

Vai haver alguma festa especial?
A festa vai ser no dia da corrida se São Pedro, que no seu final segue-se um jantar com a presença de todos os antigos, actuais elementos e familiares onde iremos entregar uma medalha de bronze e um édito de honra comemorativos dos 50 anos do grupo de Évora a cada elemento que tenha representado o GFAÉ.

Esta semana vai ter dois compromissos muito importantes, Lisboa e Évora! Como encara o grupo e cabo estes dois desafios?

É verdade, são duas das corridas mais importantes da época. Pegar em Lisboa é sempre uma grande responsabilidade ainda por mais com um cartel como este, fortíssimo. O concurso em Évora no domingo é uma corrida muito séria com touros encastados em que os ganaderos apostam tudo nos exemplares que enviam. Tanto eu como todo o grupo encaramos estes dois compromissos com muita seriedade e ansiedade pois são estas as corridas com que sonhamos e onde queremos sair triunfadores. 

Queres deixar uma palavra aos aficionados portugueses?
Mesmo sem grande habilidade para a escrita, poderia escrever várias páginas, mas digo apenas a todos os aficionados, empresários e críticos taurinos, respeitem a imagem do forcado, deixem-nos fora de brigas e politicas. Somos amadores, queremos apenas pegar e receber palmas em troca. 
 
 
 
 

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